A Máfia fez um blog...

domingo, 18 de maio de 2008

Cartas do Paraíso (post de despedida de El Pacino)

Eu, El Pacino, morri. Escrevo-vos este post a partir do único computador da biblioteca do Paraíso Mânfio. Tenho de me despachar porque tenho um gajo a quem chamam de Crostas atrás de mim, desejoso de escrever à sua família com novidades (acho que foi perguntar ao Jesus cá da zona como se faziam carapaus à espanhola - receita que queria conhecer desde os 4 anos - e por acaso, acho que sabia). El Cabrita esse, é no fundo, a razão da minha morte. O incidente ocorreu ontem, quando eu e um grupo de outros mafiosos partimos à aventura pelo mato, à caça dos cangurus tailandeses. Carbita esquecera-se da espingarda e a única arma branca que possuía era uma fisga. Foi com ela mesmo que me acertou e perfurou pelos rins adentro.
Lamento no fundo deixar assim, a meio, o trabalho de Lo Papi. Ainda guardo comigo a lágrima que soltei quando percebi que tinha morrido sem lhe comprar uma prenda de aniversário. Raios partam o homem... Há meses que andava a falar em comprar um serviço de talheres bem bonito. O Vitelone ofereceu-lhe um bilhete para um concerto dos Tokio Hotel. Senti-me por isso na obrigação de superar tal atenção. Depois, logo quando ía tratar do assunto, dá-se-me este azar de morrer. E eu que lhe estava tão agradecido por me ter aceite em casa dele. Pago-lhe uma renda de 800 euros por mês (metade em dinheiro e o resto e pratos da Vista Alegre). A minha mulher fugiu-me com um urso de peluche e deixou-me sozinho. Nem sei porquê! Na noite anterior tinha chegado a casa (estava eu com 3 venezuelanas na nossa cama em  posições de canidelo), e parecia-me contente. "Queres entrar?" perguntei eu, relativamente à sessão de sexo de que era alvo. Sorriu, e disse que não. Tive de ir falar com Lo Papi para ter onde morar.
Quanto a morar com Lo Papi, achei que seria outra coisa bem longe disto. Pensei que viveria numa mansão daquelas com putos a mijar, mas não. Mora num T2 em Alfama, sem ter putos que mijem (e daí, tem um. Mas é vizinho e não é daqueles de que eu falava. Este vizinho dele mija mas é das varandas cá para baixo e isso já não é bem visto pela sociedade). Em casa, Lo Papi anda de ceroilas, pijama com ursos e chinelos rotos. Por outro lado, achei nele um gesto que me incomodava. Achava por bem soltar-se a torto e a direito. Era pior que uma parada de tambores. 
Ao sair de casa de Lo Papi (para a dita caçada) lembro-me de ter visto três cartões. Um era de descontos no Feira Nova, outro era um pass de autocarro e o último tinha uma foto dele e uma frase que rezava "Funcionário do Mês - Minimercado O Larilas". Incomodou-me.
Começo a desconfiar seriamente da autenticidade destes gajos e da Máfia deles... Começo a pensar que a Máfia com que lidei a vida inteira, não seja bem a Máfia de que ouvi falar a vida inteira. Estes gajos nem devem ter ouvido falar do Marlon Brando...

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